Junho de 2023

Não foi fácil escolher a data para este roteiro. Por fim, decidimos pelo início do verão. Tínhamos receio de pegar muita chuva, mas acho que demos uma sorte danada. Choveu em alguns dias, mas no máximo algumas horas, dando tempo para aproveitar, afinal 22h é dia nesta época.

Tivemos deslocamentos internos por avião (Juneau – Anchorage), por carro e balsa. Não fizemos trechos de trem nem tivemos pernoite em cruzeiros, porque nosso estilo de viagem é parar onde quisermos, com mais liberdade para traçar o dia. Mesmo assim, fechamos muitos passeios, porque a maioria dos lugares que queríamos conhecer não seria possível fazer de maneira independente.

Juneau

Começamos o roteiro pela capital do Alasca, que está longe de ser a mais populosa. É de difícil acesso, só se chega por vôo ou balsa. Gostamos bastante da cidade. São por volta de 30.000 habitantes e o clima é bastante chuvoso. O centro é pequeno, mas com diversos restaurantes, bares e loja de souvenirs. Adoramos o Red Dog Sallon. Ao lado do centro fica o porto, de onde se pode fechar passeios nas inúmeras barracas que ficam por ali.

Lá, a principal atração é o Mendenhall Glacier, que foi o que fizemos no primeiro dia. Do centro de visitantes já é possível ver a geleira, mas também há algumas trilhas para se fazer, como a que leva a Nugget Fall. Em poucas horas você tem um bom panorama do local.

No segundo dia em Juneau iríamos passar o dia navegando no Tracy Arm Fjord, mas tivemos muito azar com a empresa, que há uma semana estava cancelando todos os passeios (em resumo, estavam em falência e não honraram os compromissos). Infelizmente não conseguimos reagendar com outra companhia e ficamos sem conhecer o Tracy Arm. Bom, depois de passarmos pelos estágios de choque, raiva e tristeza, resolvemos aproveitar o dia de outra forma. Contratamos, ali no porto mesmo, um passeio de barco para visualização de baleias. Vimos várias baleias e aqui é importante que se diga: binóculos e, se possível, uma câmera com bom zoom ajudam bastante no Alasca.

No próximo dia fizemos um passeio de helicóptero pela geleira. A primeira parada fizemos um passeio de trenó puxados por huskies (dogsled), que é uma atividade bem popular no Alasca. Apesar de ser algo típico da cultura do local e do lugar ser lindo, eu não faria de novo. Fiquei com pena dos cães. A segunda parada foi em um ponto mais alto da geleira. O local é realmente muito impressionante e nos fez sentir que encontramos o que fomos buscar na viagem. O Alasca como imaginávamos.

No terceiro dia fizemos um passeio de canoa no lago do Mendenhall Glacier, com parada para caminhar na lateral da geleira, enquanto os guias explicavam sobre a retração desta geleira. Não são todas as geleiras do Alasca que estão em retração, mas o cenário de todas as que visitamos é de um processo que vem se acelerando nas últimas décadas. Aqui, como não tenho conhecimento técnico, é importante dizer que apenas estou repassando o panorama retratado pelos guias que nos acompanharam.

Anchorage

Fizemos o trecho Juneau – Anchorage por vôo. Nossa passagem pela cidade mais populosa do Alaska foi muito rápida. Chegamos por volta da hora do almoço e já saímos para um dos passeios mais esperados: um vôo de helicóptero pelo Knik Glacier, com três paradas. E pronto, se tínhamos alguma dúvida de que realmente o Alasca merecia estar no topo das nossas intenções de viagem e de que valeria cada centavo gasto (diga-se de passagem, não é um destino barato), a resposta veio a galope, digo, de helicóptero… rs… Este passeio é digno de deixar qualquer um sem palavras, apenas impressionada por estar diante de um local tão majestoso. Enorme, silencioso, imponente e arrebatador. Momentos que valem uma vida.

Depois deste passeio fomos pegar o carro que nos acompanharia até o final da viagem. Na manhã seguinte já estaríamos na estrada. Com isso, precisamos dizer que não temos como opinar sobre a cidade de Anchorage.

O dia seguinte seria de trajeto, mas é claro que não seria não qualquer trajeto. O passeio foi a própria estrada, porque iríamos atravessar a rota cênica entre Anchorage e Seward. Além do próprio visual da estrada, há muitas paradas possíveis. No nosso caso, como não tínhamos tempo para longas caminhadas, fomos parando no acostamento da própria estrada, para curtir o visual. Fizemos uma única parada mais longa, em um centro de recuperação de animais.

Seward

Chegamos à noite (mas com luz do sol) em Seward. As estradas que pegamos no Alasca são muito boas, mas é preciso cuidar para não sair em cima da hora, porque no verão há sempre muitas obras (siga e pare) que podem atrasar um pouco. Vimos algumas placas de restrição de funcionamento de estradas em certos dias e horários, mas nada que tenha nos atingido. Vale ficar atento.

O dia seguinte foi ocupado por um passeio de barco, de dia todo, no Kenai Fjords National Park. Escolhemos um passeio de 7,5h e não nos cansamos. Aqui começou uma maré de sorte: o dia estava lindo, sem nenhuma nuvem, o que é raro e tornou tudo muito especial. O cenário é incrível, vimos muitos bichos, como focas, baleias, puffins, águias e até um urso. Infelizmente, como estávamos sem uma câmera com zoom potente, estas cenas ficarão apenas na nossa memória, sem spoiler.

Seward é uma cidade muito pequena, mas com algumas boas opções de restaurantes.

Whittier

No dia seguinte, já partimos para Whittier, a icônica cidade na qual quase toda população mora no único prédio da cidade. Dentro deste edifício há lojas, um restaurante e uma escola, tornando a vida mais possível no rígido inverno.

Para chegar a Whittier é necessário passar por um túnel, pago, que abre em horários específicos. Isso porque, em um determinado momento, só é possível passar automóveis em um sentido e, além disso, por este mesmo túnel passam os trens.

Em Whittier fizemos um passeio de barco, de meio dia, que passa por 26 glaciares. Aqui, pela segunda vez demos muita sorte. Mais um dia de sol pleno, sem nuvens no céu. Assim, tivemos mais um dia de paisagens incríveis. Aqui, em nossa opinião, vimos os glaciares mais impressionantes, acompanhados de cachoeiras, icebergs, pássaros e focas compondo o cenário.

Por mais que as fotos sejam interessantes, elas não capturam o Alasca, talvez pelo tamanho de tudo e pelo entorno (360 graus de beleza!).

No dia seguinte, pela manhã, andamos um pouco pelos arredores da pequena cidade, antes de pegarmos a balsa para Valdez. E é isso, cada metro uma parada para admirar, porque tudo teima em ser lindo.

A balsa entre Whittier e Valdez atravessa a baía de Prince William Sound e a viagem dura 6h. A balsa também leva carros, o que para nós foi fundamental. Nada de dormir durante a travessia porque o trajeto, para variar, é belíssimo.

Valdez

Já chegando em Valdez, percebemos que o sol tinha ficado em Whittier… rsrs. Chovia bastante, além de estar mais frio, o que nos preocupava, já que no dia seguinte faríamos um passeio de caiaque na frente de uma geleira.

O passeio de caiaque na frente do Columbia Glacier foi a “loucurinha” da viagem. Sabíamos que seria desafiante, ainda que estivesse sol. Acontece que estava frio e chovendo. Nem posso dizer que foi azar, porque nas fotos que eu tinha visto do passeio não tinha nada parecido com “um lindo dia de sol”. Aqui, além das roupas normais de inverno, recebemos roupas de lona e partimos para a grande aventura. Na ida, vimos as baleias mais próximas de nós de toda a viagem. Lindo. Quanto ao caiaque na frente da geleira, nos desviando dos icebergs, foi mágico, mas honestamente é mais fácil falar isso agora. Na hora passou o pensamento de “por que uma pessoa em sã consciência acha que esta é uma boa maneira de passar um dia de férias?”.

Depois deste passeio, estávamos muito felizes. O maior desafio da viagem estava superado e até dançamos no meio no supermercado. Rsrsrs..

No dia seguinte, antes de nos despedirmos de Valdez, fizemos um passeio de canoa (desta vez o guia remou sozinho) pela lagoa do Glacier Valdez. Na verdade este foi o passeio que me fez decidir colocar a cidade no roteiro, porque tinha umas fotos de “ice caves” que tinham me deixado feliz, uma vez que, no verão, não é um achado simples. E realmente é um passeio lindo, com os maiores icebergs que vimos em todo o Alasca e que, por serem grandes, formam “ice caves” e, em algumas delas, foi possível entrar com o barco. Pronto, sonho realizado. Obrigada Valdez. Até descemos do barco para caminhar sobre um iceberg. No começo do passeio estava um tempo muito fechado e a visibilidade estava muito ruim, mas depois foi abrindo e curtimos um visual incrível. Adoramos o passeio.

Depois dos icebergs, pé na estrada. Mais uma rota cênica, rumo ao famoso Denali National Park.

Dormimos na região de Talkeetna e, na manhã seguinte, fomos para região de Healy, que seria nossa base nas próximas duas noites.

Denali National Park

Enquanto estávamos estudando o roteiro, o Denali nos pareceu ser o destino mais procurado no Alasca, mas devido a um deslizamento, o acesso à melhor parte do parque estava fechado (já há um tempo e com previsão de permanecer fechado por mais uns anos).

É um parque muito organizado. Fizemos algumas trilhas, achamos bonito, mas não tão impressionante como tudo o que tínhamos visto antes. Talvez por ser verão, não sei.

Fairbanks e North Pole

No último dia de passeio fomos conhecer as cidades de Fairbanks e North Pole. Sem aventuras neste dia e com direito a lojinhas de souvenirs.

Compras feitas, o próximo dia foi dia de voltar para Anchorage, devolver o carro e pegar o vôo de volta para casa. Eu nunca achei que fosse dizer isso, mas fiquei com vontade de morar no Alasca, de conhecer como é no inverno, com suas noites infinitas, ice caves, gelo, gelo, gelo e aurora boreal.


Deixe um comentário